_Momentos_

Teus ombros suportam o mundo e ele não pesa mais que a mão de uma criança. As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios provam apenas que a vida prossegue e nem todos se libertaram ainda. Alguns, achando bárbaro o espetáculo prefeririam (os delicados) morrer. Chegou um tempo em que não adianta morrer. Chegou um tempo que a vida é uma ordem. A vida apenas, sem mistificação.... (Carlos Drummond de Andrade)

A minha foto
Nome:
Localização: Lisboa, Portugal

quinta-feira, agosto 30, 2007

Festival do Alviela (continuação)

Três horas depois e a manada já se tinha encarregue de me acordar.
Os dias eram especiais, até às 18h nada se passava.. poucas actividades (para nao dizer quase nenhumas), os pufs nestes momentos eram os nossos melhores amigos, nada como uma deitadinha de vez em quando(ou secalhar muitas vezes).
Nessa noite, os Xutos, nao a sério, OS XUTOS! Que noite fantástica só com a presença destes cinco senhores que encheram o recinto. Foi saltar, cantar, entrar no moche e levar uma cabeçada na boca, enfim, passou-se de tudo. A experiência foi única e com uma das melhores companhias- a minha prima Paty (a tal que se esqueceu do bilhete do festival), a grande responsável por ter ficado à rasca por uns segundos da boca. Nada melhor que ser atingida de vez em quando, pelo menos o sono passou-me num ápice.
Eu andei cansada, tenho que admitir. Aproveitei muito pouco (ou secalhar quase nada) a tenda electrónica. A minha irmã encarregou-se de fazê-lo por mim. Eu durmia e ela curtia!
Nunca mais chega o ultimo dia do festival? Acaba de chegar.
Um calor que nao se aguentava. Hoje a grande atracçao são os Da Weasel. Devo dizer que gosto de algumas músicas, mas nunca pensei gostar tanto do concerto! A presença em palco é contagiante, o som, as luzes, a energia... a última banda que ouvimos tocar, um grande final. Duas da manhã no relógio e nós fazíamo-nos à estrada. Apanhámos o autocarro de regresso a Santarém.
Bem, pensei eu novamente (dei conta que neste festival pensei demais), já nada poderia acontecer de mau, já tinhamos passado por tanta coisa...
Ai, como me enganei! Estava preparada para adormecer nos 20 minutos que o autocarro demora a chegar a Santarém, quando entram 5 pitas (eu nao gosto de as chamar assim, mas desta vez nao tive alternativa) e sentam-se nos bancos atrás do meu (bommm).
É aqui que o discurso começa(sempre aos gritos):
- Oh Filipa, como é que vamos para casa? (parece que viviam em Almeirim)
- Sei lá, eu para a minha mãe nao telefono, já nos veio trazer ao festival, agora não nos vem buscar também! Voces é que têm que telefonar aos vossos pais!
( e eu a tentar dormir)
- Só se eu telefonar para a minha irmã, ela deve estar a dormir e ainda tem a bébé, mas daqui a pouco tempo acorda para ir trabalhar. (em cinco segundos fiquei a saber a vida da irmã da miúda)
(e eu continuava a tentar adormecer)
- Ai, eu nao tenho dinheiro para telefonar, voces têm? (virando-se para as amigas)
Umas nao tinham dinheiro, outras falta de bateria. (... agora é a altura em que elas entram em desespero)
Mas viram a soluçao! Mais à frente estava um grupo de quatro rapazes(mais velhos que elas), a quem decidiram pedir ajuda.
- Olhem!.. Têm dinheiro no telemovel?- os rapazes nao pareciam ter grande vontade de emprestar.
Mas elas insistiram, e aos berros( aqueles que incomodam até um surdo...vá exagerei!... mas está lá perto):
- Vá lá, emprestem lá!! Eu digo que voces têm 17 centimetros!
(O QUÊ???? Qual é a relaçao entre o emprestar um telemovel e o tamanho da sua "ferramenta"??)
Bem, eu só sei que aquilo deve tê-los convencido, porque o telemovel de um deles já andava na mão delas. Elas acalmaram, e eu adormeci.
Felizmente tínhamos o carro da nossa tia à espera. Fomos dormir a casa. Hmmm, soube tão bem dormir num colchão macio...sem jambés a tocarem, sem "alvoraaada!" nos nossos ouvidos. Foram as melhores 8horas de sono da minha vida.
Foi uma óptima experiência. Uma preparação fantástica para outros festivais...sim porque no próximo ano mais virão!

terça-feira, agosto 28, 2007

Festival do Alviela

Bora para o nosso primeiro festival? Bora!
Preparativos em andamento, comprar tendas, sacos-cama, mochila... Até aqui tudo normal.
Chegou o dia de irmos para o festival? Chegou.
Lá fomos nós bem cedinho para o Oriente apanhar o comboio que nos levaria a Santarém. Até aqui também nenhum problema. Chegámos ao Oriente: Paty, tens o bilhete do festival, nao tens?- Nao!! -Vá, nao gozes! - Não, esqueci-me mesmo!(ok, ela foi mesmo buscá-lo a casa e perdemos o comboio das 9.39h) Aqui as coisas já nao estavam no bom caminho.
Apanhando o comboio seguinte, chegámos a Santarém. Etapa seguinte: esperar pelo autocarro grátis que nos levaria ao recinto do festival. Opsss!...É meio-dia e os autocarros grátis começam a circular a partir das 18h. (Hmmm, que isto está a correr tãããoo bem!!)
Telefonemas para aqui, telefonemas para ali (diga-se que o meu pai teve um papel fundamental na resolução do nosso problema), conseguimos um táxi que nos levaria ao festival, baratucho, mas em Pernes (onde se passa tudo...ou secalhar nao!). Toca a apanhar o autocarro para essa movimentada localidade.
Chegando a Vaqueiros, o simpático senhor do táxi: -Bom, nao posso continuar, tenho que deixar-vos aqui. (Bem, pensei eu, também nao deve ser muito longe do festival). Ao saírmos do veículo, um outro senhor, um pouco menos simpático que o anterior: -Agora são só mais 800 metros a andar até ao festival. Tendo em conta o quanto estávamos carregados... a ideia da distância nao nos agradou de todo. Sem outro remédio, começámos a andar.
Ehhh lá! já avistámos a bilheteira! Até que nao foi muito penoso. Tem uma entrada e tudo mesmo ao lado..Postas as benditas pulseiras, um outro senhor (este sim era o cúmulo da simpatia): - Nao entram por aqui, os que vão acampar têm que dar a volta por baixo. (Hummm....agora é que isto estava a correr lindamente!)
Era longe a entrada de baixo? Naaaaoooo, que ideia absurda! Estava um calor abrasador? Eu pingava... talvez fosse da humidade do tempo(talvez!), naquelas 15.30h da tarde.
Toca a descer entao, as calças escorregavam-me, as malas pesavam e sentia de tempos a tempos umas dores incriveis nos ombros e nas costas.
...
Chegámos!! Nem posso crer! Largámos (literalmente) as coisas e decidimos montar as tendas. O que aconteceu a seguir? Nada.
Fomos passear pelo recinto? Nem pensar. Na tenda é que se descansa...e se alimenta, depois de tanto esforço.
Vistas as bandas daquele dia e já cansados, fomos dormir. O dj Diego Miranda a meter alta som e eu na tenda aninhada no meu saco-cama a curti-lo. Arrependida? Sim, de facto podia me ter levantado e ter aproveitado melhor, mas o cansaço venceu-me.
Chegadas as 6h da manha, a manada(quase literalmente) decidiu regressar às suas tendas- Alvoraaada!- gritavam alguns. Incrível mesmo é a forma como me adaptei ao barulho, as pessoas falavam, gritavam ao lado da minha tenda, cantavam, tocavam jambé, ainda haviam os testes de som no palco principal, e eu dormia se quisesse, abstraindo-me de tudo.
Olha a chuva torrencial! Olha os trovões!! ( e pensar que o pior ja tinha passado, agora sim posso afirmar que tudo estava no bom caminho...uma delícia!) Sete da manhã e caía grande tempestade sobre nós... O quê, assustador? Nao!! Eu só gritava e cobria-me com o saco-cama cada vez que sentia uma luz. Nada de especial. Só durou 40 minutos.


(To be continued...)